quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Oitavo dia: descanso em Antofagasta

O dia de descanso foi passado no acampamento do Dakar, onde almoçámos com os pilotos. O Zé Sousa Guedes esteve a fazer de baby sitter ao Paulo Gonçalves, que tem a vida um bocado complicada para almoçar sozinho, com o pulso esquerdo e o úmero direito partidos. O bivouac do Dakar é um perfeito espectáculo. A dimensão de equipas como a Volkswagen, a Hummer ou a Mitsubishi é realmente impressionante. Todos os mecânicos movimentam-se num frenesim organizado, quase sem troca de palavras, a refazerem as máquinas desde o esqueleto. O contraste para as equipas de dimensão média é bastante e se considerarmos as equipas pequenas em que o piloto é ao mesmo tempo mecânico, então aí o contraste é brutal. Mas na realidade essas micro-equipas são muito poucas, a maioria são equipas com uma dimensão média, com um camião ou um carrinha de assistência e uma equipa de pelo menos dois mecânicos.

O circo ocupava um espaço aberto junto ao mar em Antofagasta, com as antenas de satélite a identificarem que ali a coisa mexe a sério. O espaço de imprensa, dos comissários, os camiões de catering e de material diverso, as dezenas de camiões de assistência e de jipes da organização...tudo isso faz parte do grande aparato que não se vê na televisão quando vemos os pilotos a passar.

A equipa Bianchi Prata e do Helder Rodrigues estavam lado a lado, cada uma do seu lado do camião de assistência. A moral está em cima e continua a haver boas perspectivas de boas classificações.

Estivemos na conferência de imprensa do Marc Coma, onde entrámos à grande com a maior das latas como se fossemos jornalistas. O Coma tinha acabado de saber que tinha levado com 6 horas de penalização por ter mudado um pneu com ajuda de fora da corrida. Correu-lhe mal. Um jornalista perguntou-lhe "Marc, dicen que te han visto entrar para una pequeña casa e salir de ahí con un neumático nuevo. Que dices de esto?". Ele encolheu os ombros, fez uma cara bastante comprometida e não disse nada de concreto.

Quando chegámos às motas, onde as deixámos estacionadas, nem queríamos acrediar no que víamos: uma quantidade impressionante de pessoas à volta delas, em cima, de baixo, ao lado, com bebés, novos, velhos, homens, mulheres...enfim...toda a gente completamente em êxtase com as máquinas. Na Argentina e Chile vive-se realmente muito o desporto motorizado, e claro, como as pessoas não podiam entrar no acampamento, assim que apanharam ali umas motas a jeito foi o fim do mundo. Até autógrafos nos pediam. Nem valia a pena explicar que não estávamos a correr. Para o caso era absolutamente indiferente.






















































Uma massagem ao Marc Coma não foi suficiente para evitar que levasse 6 horas de penalização.






Um beijo para a Ana Jorge do pai.

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