domingo, 6 de junho de 2010

Portugal de Lés-a-Lés - para o ano há mais!

Terminou mais uma edição de sucesso do Portugal de Lés-a-Lés. Depois do prólogo de quinta-feira inteiramente dedicado ao Concelho de Faro, a caravana arrancou da capital algarvia na sexta-feira pela fresca para terminar no sábado no Porto. Pelo caminho houve passagem por Cuba, Benavente, Sintra, Rio Maior, Lousâ e Porto. A filosofia do Lés-a-Lés é mostrar o verdadeiro Portugal de uma forma descontraída, com tempo para visitar e apreciar todos os recantos que não se conhecem ao viajar por auto-estrada. E com efeito visitámos locais encantadores, como a subida à Senhora das Neves, a travessia da Serra da Lousã, a particular passagem por uma ponte de madeira em Benavente, a exuberância da lezíria com as suas cores ocre, entre muitos outros. A par disto, alguns controlos de passagem para picar as targetas tinham elementos trajados a rigor, quer recreando guerreiros medievais "escondidos" debaixo de uma ponte ou camponeses locais no cimo de uma serra.

Quem sem dúvida contribui para o espectáculo do Lés-a-Lés é o grupo de St. Estevão, que mais uma vez levou a bom porto as suas cinquentinhas (Zundapp Famel, Sachs V5 e outras) sempre com um fantástico espírito. Acompanhá-mo-los nos últimos km até ao final e foi um prazer sentir o cheirinho a óleo de mistura e o som inconfundível dos históricos motores.
O lanche montado em St. Estevão foi muito acolhedor e simpático, com uns apetitosos bolos caseiros e umas bifanas em pão de lenha inigualáveis. Bem hajam!

Aqui ficam algumas fotos deste 12º Portugal de Lés-a-Lés/Moviflor e a vontade de que chegue a próxima edição.










quinta-feira, 3 de junho de 2010

O 12º Portugal de Lés-a-Lés já está na estrada. Hoje foi o dia das verificações técnicas e de um pequeno prólogo de 50 km pelo Concelho de Faro. A logística é bastante grande, 1300 motas é muita mota e o mais engraçado é que se vê de tudo um pouco. Desde as saudosas Famel ou Sachs V5 até Harleys dos anos 50, Ural com side car, KTMs de enduro, CBRs, scooters 50cc, enfim, vê-se literalmente de tudo.





O espírito é excelente, toda a gente está com imensa vontade de conhecer o Portugal profundo pelas pequenas estradecas cheias de encanto e seguir o roadbook cuidadosamente montado pela Federação. Não é um roadbook qualquer, já que este privilegia mais o carácter cultural do que simplesmente os parciais de km ou os perigos como nos roadbooks de competição. Há sempre uma boa explicação sobre aquilo que vamos ver.





O mais curioso são as soluções encontradas para os leitores de roadbook. Desde o leitor eléctrico e iluminado mais "pro", até simples "tupperwares" com adaptações ingenhosas. Fantástico!





Amanhã é a etapa a sério, com mais de 500 km de Faro até Sintra atravessando dezenas de freguesias. Não se esqueça que pode ir vendo em directo onde estamos através do link do Spot.

Barcelona - Faro pelas estradas mais bonitas

Pois assim tal e qual, uma ligação de Barcelona a Faro escolhendo a dedo as estradas mais bonitas do centro da Península Ibérica e evitando auto estradas. O objectivo era chegar a Faro para o início do famoso Portugal de Lés-a-Lés, que nesta edição 2010 conta com cerca de 1300 motos inscritas. E já que há que travessar toda a Espanha, pois que seja pelas zonas mais bonitas e por estradas secundárias. Dois dias com 720 km cada um e uma média de 13 horas na estrada, mas que valem bem a pena.

Saindo de Barcelona para sul o primeiro destino foi a serra do Maestrazgo, um conjunto de serranias e planaltos esquecidos no interior profundo da Comunidade Valenciana. Um ambiente solitário, salpicado de campos de papoilas nos vales mais verdes e com paredes descomunais de rocha calcária nas zonas mais altas.




Pelo caminho passa-se por aldeias particulares e lindíssimas como Morella, Mirambel ou Monroyo, sempre situadas nos cocurutos de picos montanhosos e com um castelo no topo.




No fim do Maestrazgo encontramos Cuenca. A cidade das famosas "casas colgadas" é lindíssima e uma coisa única. As casas estão literalmente penduradas sobre a "cuenca", ou seja, sobre a profunda e grande cova que se abre abaixo do promontório de pedra.




De Cuenca a rota proseguiu para Toledo. Sem dúvida uma das cidades mais magistrais de Espanha. Elegante, história e, por sorte, completamente vestida de gala nesta primera semana de Junho em que se celebra o Corpo de Cristo e toda a cidade está vestida a rigor.





A seguir a Toledo a rota seguiu-se em direcção ao Parque Nacional dos Montes de Toledo.
Um parque surpreendente, considerando que se deixa Toledo por uma zona de planície, rectas e sobreiros e de repente vemo-nos imersos numa mata de pinheiros e cedros que tem tanto de espectacular como de bucólica. São cerca de 80 km que se fazem em hora e meia por uma estrada estreitinha de asfalto cheio de buracos e remendos. A seguir a este Parque Nacional dos Montes de Toledo entra-se numa zona de barragens que também não é menos bonita. Os nossos vizinhos chamam-lhe a Ruta de los Embalses e passa pelas barragens que servem de berço ao rio Guadiana: o Embalse de Cijara e o Embalse de Garcia Sola. Muito bonito. A estrada recorta a margem das barragens, a 5 ou 6 metros dos mantos de água totalmente espelhados, num ambiente de sossego total. Não se vê vivalma, não há ninguém a fazer picnics, a vegetação acaba na água e o prazer de condução é imenso, já que a estrada aqui é de um alcatrão um pouco antigo, daquele amarelado, mas em bom estado e com curvas lentas muitos bem lançadas.